"A prestação do patrocínio forense não era a mesma coisa que o fabrico de bolas de Berlim ou a produção de alheiras"
António Marinho Pinto in "Um combate desigual", Verso de Kapa, 2010, p.46

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Bastonarices




Ora viva,


Há já algum tempo que não te escrevo. Não é que me falte assunto, é que ando com pouco tempo e, pelo que tenho visto, tu também tens andado atarefado.

Mal conseguiste arranjar tempo para almoçar com o Dr. Artur Marques num dos dias do debate instrutório do Face Oculta. Felizmente lá conseguiste e até deu para assistires a uma parte do julgamento.

Como não tenho tempo para fazer referência a todas as tuas intervenções públicas dos últimos tempos (críticas à "falta de humildade" dos magistrados, os tribunais enquanto paraísos para caloteiros, as acusações de tortura feitas aos guardas prisionais e ao Director da prisão de Paços de Ferreira, a exigência de explicações ao PGR no lamentável caso Rui Pedro, etc.), ater-me-ei à de ontem.

Voltaste a dizer - sem qualquer tipo de suporte fáctico ou probatório que não o comum "porque sim" - que os cursos de direito "não têm hoje qualidade nenhuma" e que "ninguém reprova nos cursos de Direito".
Mas onde é que tu vives? Achas bem andar a dizer bujardas dessas sem saber do que falas?

E quanto ao desemprego dos jovens com que tanto te preocupas, posso assegurar-te que, no caso de Direito, seria consideravelmente menor se a Ordem dos Advogados cumprisse a lei.
Pois é, se tivesses permitido a abertura dos dois cursos de estágio a que a Ordem está legalmente obrigada, havia muita gente que já estaria na segunda metade do estágio.
Em vez disso estiveram à espera que te apetecesse ordenar a abertura dos cursos de estágio.

Como é que concilias essa atitude com a seguinte frase por ti proferida no teu discurso de tomada de posse:

"Bem ou mal, o nosso EOA não prevê autonomia financeira nem administrativa para os órgãos disciplinares. E, quer concordemos com ele, quer não concordemos, temos todos de o respeitar. As leis são para cumprir ainda que não gostemos delas."

Abraço,

L.O.

3 comentários:

  1. Caro anónimo,

    Compreendo perfeitamente a sua indignação, e não lhe tiro a razão, antes pelo contrário. Contudo, temos de tentar respeitar, ao contrário de tantos outros, a dignidade das instâncias e dos institutos, e nunca ficar apenas por um discurso ao desbarato. Seguindo o caminho correcto alcançaremos, justamente, a nossa devida razão.
    Abraço.

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  2. Caro Anónimo,

    Peço que não leve a mal o facto de eu ter apagado o seu comentário.
    Todas as opiniões são bem-vindas neste blog e encorajo vivamente a que nele expressem a indignação que todos sentimos.
    No entanto, tenho agido sempre no sentido de não incluir nada neste blog que possa dar azo a qualquer imputação de responsabilidade civil ou penal à minha pessoa, medindo sempre cuidadosamente cada uma das minhas palavras e certificando-me de que as mesmas não extravasam os limites da legalidade.
    Como não seria a primeira vez que veria o criador de um blog ser responsabilizado (penalmente) pela inércia na eliminação de comentários potencialmente injuriosos e/ou difamatórios, vi-me forçado a eliminar o seu.
    Sinta-se à vontade, repito, para regressar e expressar a sua indignação por aqui.

    Com os melhores cumprimentos e votos de sucesso,

    L.O.

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  3. http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1799644.... Nada de novo portanto...

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