
Há já algum tempo que não te escrevo. Não é que me falte assunto, é que ando com pouco tempo e, pelo que tenho visto, tu também tens andado atarefado.
Mal conseguiste arranjar tempo para almoçar com o Dr. Artur Marques num dos dias do debate instrutório do Face Oculta. Felizmente lá conseguiste e até deu para assistires a uma parte do julgamento.
Como não tenho tempo para fazer referência a todas as tuas intervenções públicas dos últimos tempos (críticas à "falta de humildade" dos magistrados, os tribunais enquanto paraísos para caloteiros, as acusações de tortura feitas aos guardas prisionais e ao Director da prisão de Paços de Ferreira, a exigência de explicações ao PGR no lamentável caso Rui Pedro, etc.), ater-me-ei à de ontem.
Voltaste a dizer - sem qualquer tipo de suporte fáctico ou probatório que não o comum "porque sim" - que os cursos de direito "não têm hoje qualidade nenhuma" e que "ninguém reprova nos cursos de Direito".
Mas onde é que tu vives? Achas bem andar a dizer bujardas dessas sem saber do que falas?
E quanto ao desemprego dos jovens com que tanto te preocupas, posso assegurar-te que, no caso de Direito, seria consideravelmente menor se a Ordem dos Advogados cumprisse a lei.
Pois é, se tivesses permitido a abertura dos dois cursos de estágio a que a Ordem está legalmente obrigada, havia muita gente que já estaria na segunda metade do estágio.
Em vez disso estiveram à espera que te apetecesse ordenar a abertura dos cursos de estágio.
Como é que concilias essa atitude com a seguinte frase por ti proferida no teu discurso de tomada de posse:
"Bem ou mal, o nosso EOA não prevê autonomia financeira nem administrativa para os órgãos disciplinares. E, quer concordemos com ele, quer não concordemos, temos todos de o respeitar. As leis são para cumprir ainda que não gostemos delas."
Abraço,
L.O.